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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Notas de Imprensa


Paula Maria


Todos os dias assistimos à 

partida de cidadãos bracarenses que procuram uma vida melhor em Angola. A crise económica que tem atirado para as fileiras do desemprego muitos bracarense (distrito é um dos mais afectados pelo desemprego), forçando-os a procurar novas perspectivas, novos rumos. Angola tem sido, nos últimos anos, um país atractivo para quem quer consolidar uma carreira ou, simplesmente, dar uma vida mais digna à sua família.  Estima-se que sejam 100 mil os portugueses a viver actualmente na antiga colónia portuguesa, um país que oferece tudo o que Portugal recusa: emprego, bons salários, progressão na carreira, oportunidades de negócio. Para Angola partem empresários, quadros técnicos, recém-licenciados e muitos trabalhadores da construção civil, uma das áreas em forte crescimento. As grandes construtoras montaram ali os seus estaleiros para construírem estradas, apartamentos, hotéis e outras infra-estruturas. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Madeiras do distrito de Braga diz que pelos dados recolhidos, os indicadores apontam para uma procura semelhante àquela que se registava em relação a Espanha, “embora com muitas mais dificuldades quer com os vistos, quer por implicar um maior distanciamento da família, o que não acontecia para o país vizinho”, prossegue. Depois de Espanha, Angola Segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Madeiras, cerca de 20% dos 40 mil trabalhadores da construção civil que trabalhavam em Espanha já conseguiram emprego em Angola. São trabalhadores que, com a crise que afecta o sector, foram atirados para as fileiras do desemprego e procuram um novo posto de trabalho e sustento na antiga colónia portuguesa.  O coordenador do sindicato refere ainda que para além destes, muitos desempregados que laboravam em empresas quer do distrito de Braga, quer no distrito de Viana do Castelo também estão a tentar a sua sorte em Angola. “Até agora a grande maioria destes trabalhadores ia já com contratos, ligados às grandes empresas. Neste momento vão à sorte para procurar o seu próprio emprego”. José Maria afirma ainda que o mesmo está a suceder com os pequenos subempreiteiros que estão em dificuldades, quer por falta de pagamento de outras empresas, quer por falta de obras.


Mais de 80% vão para a Angola

Os números não enganam. No primeiro trimestre de 2009, 80% das consultas do viajante do Centro de Saúde de Braga tiveram como destino Angola. Um número que é revelador do afluxo de bracarenses para este país africano. 

O volume de consultas com destino a este país africano tem vindo a crescer desde 2007 e hoje um cidadão que reside no distrito de Braga e que pretenda viajar para a antiga colónia portuguesa tem de esperar, em média, cerca de um mês para obter uma consulta de saúde, requisito obrigatório para quem quer viajar para fora da Europa.

Em declarações ao ‘CM’. Maria Elisabete Machado, coordenadora da Consulta do Viajante do Centro de Saúde de Braga refere que em 2006, 50% destas consultas diziam respeito a preparações de viajantes para Angola, “cifrando-se em 2008 em mais de 70%. No primeiro trimestre de 2009 o volume de consultas para este país ronda os 80%. Estes números repercutem, concerteza, a crise que se faz sentir a nível mundial”.

A responsável sustenta ainda que a maioria dos cidadãos que pretendem ir para Angola têm como objectivo trabalhar. “A maioria vai já com contrato de trabalho. Outros — numa percentagem que anda à volta dos 15%— vão com o objectivo de efectuar uma prospecção de mercado”, refere a responsável, acrescentando que a esmagadora maioria destes trabalhadores laboram no sector da construção civil. 

“Angola é um país que está em construção e esta é, naturalmente, uma área em forte expansão”, diz Maria Elisabete Machado. No entanto, a coordenadora a refere ainda que ultimamente têm surgido trabalhadores que vão integrar quadros superiores de empresas que aí vão sendo implantadas, trabalhadores ligados a algumas áreas de prestação de serviços. “Não podemos deixar de realçar a actividade de cooperação, nomeadamente em várias áreas de formação”, acrescenta a médica.

Sexo masculino

Segundo os dados da Consulta do Viajante do Centro de Saúde de Braga, a maio- ria dos trabalhadores que vai para Angola pertencem ao sexo masculino.
“O que temos verificado ultimamente é que estes trabalhadores procuram, posteriormente, levar também a família. Primeiro vai o marido para verificar as condições de trabalho e de alojamento, mas depois acaba por levar também a família”, prossegue a coordenadora da Consulta do Viajante.

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